26 anos de emancipação: História que ainda vive

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O Rio Grande do Sul conta atualmente com 497 municípios, e são mais de 5 mil municípios brasileiros, cada um com a sua história. Entretanto, são poucos que você pode estudar a história de sua independência política e administrativa direto da fonte, com quem realmente esteve envolvido numa verdadeira luta para conseguir a sua alforria.

Eva Antolini
Eva Noeli Jardim Antolini

E é pela perspectiva de uma das pessoas que acompanhou cada passo bem de perto, presente em cada embate, em cada derrota e a cada conquista, até sua derradeira vitória, que narraremos um pouco do que se passou no período da emancipação de nossa cidade. Eva Noeli Jardim Antolini, residente de Manoel Viana desde a década de 60, professora e ativista na luta pela emancipação escreveu cada uma das atas de cada reunião e encontro realizado pela comissão.

É ela quem fala das dificuldades enfrentadas a época da emancipação. Foram muitas reuniões, foram embates com políticos e autoridades que brigavam com o mesmo afinco para evitar a separação de Manoel Viana – então 3º distrito, de São Francisco de Assis.

“Foi uma luta grande, pois éramos o maior distrito e o mais rico, uma das maiores fontes de renda do município”, acentua a professora. Na época o distrito era diverso em sua produção, como é hoje, seja com o cultivo de grãos ou a criação bovina e ovina, produzida em grande quantidade.

“A luta não era apenas com os assisenses. Também tínhamos que enfrentar uma boa parte dos vianenses que lutaram ferrenhamente pela permanência de Manoel Viana como distrito”, declara Eva Antolini. Segundo ela, eram pessoas que tinham seus vínculos políticos e partidários com São Francisco de Assis ou que de alguma forma financeiramente se valiam da situação, que mudaria com emancipação para município.

De acordo com a professora, a vila tinha plena condição de, na época, estar à frente em desenvolvimento, mas que era impedido devido ao fato de as riquezas produzidas aqui serem aproveitadas por São Francisco. Como educadora, ela relata o grande descaso com a educação, em que os professores tinham que pedir ossos ao açougue para conseguir preparar uma sopa com ingredientes que eram trazidos, inclusive, pelos próprios alunos.

A indignação era tamanha que os moradores da vila organizaram um ato de enforcamento público, no qual utilizaram um boneco representando o então prefeito de São Francisco de Assis, Belmiro Soares. Ato que teve grande repercussão para época, tendo inclusive cobertura televisiva, revela Eva.

Apesar da grande fonte de recurso e apresentar um grande potencial de desenvolvimento Manoel Viana era vista apenas como fonte de votos, “procurada apenas nas épocas de eleições, com promessas e, em seguida, abandonada novamente”, ressalta a professora Eva.

Foram muitas lutas, muitas reuniões, debates e discussões acirradas com tons políticos. A emancipação era buscada justamente por uma classe de cidadãos cujo único objetivo era o prosperar e desenvolver como comunidade. Eram professores e entusiastas, muitos sem conhecimento político, e que batiam de frente com aqueles que tinham a política nas veias, e a levavam como forma de vida, lembra ela.

Com isso veio a primeira tentativa de emancipação, em 1988, que resultou em derrota. Mas determinados a conseguir a sua alforria, e após grandes sacrifícios e muito trabalho, em 20 de março de 1992, finalmente veio a almejada vitória. A vila de Manoel Viana finalmente é elevada aos status de município.

Vieram outras lutas, muito se tinha que aprender, e ainda se está aprendendo mas, de forma independente, o município se desenvolve e continuará se desenvolvendo. 26 anos de emancipação, e estamos apenas começando a tecer a nossa história.

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